Escrevemos um artigo sobre o grupo de voluntários russos que luta ao lado da Ucrânia, RDK, liderado pelo neonazista Denis Nikitin.

Uma coisa curiosa de matérias escritas no passado sobre o extremista russo são sugestões de que ele seria um “agente russo”.

Dois artigos que são referências importantes especulam com isso: o publicado na revista Der Spiegel sobre o próprio Nikitin e um publicado no The Guardian que é mais voltado para a questão dos hooligans russos.

A matéria da Der Spiegel cita uma fonte não identificada na inteligência alemã que diz que Nikitin viajava muito e tinha muitos recursos financeiros, que seus “vínculos com agências do governo russo podem ser maiores do que podemos provar”. Depois se perguntam retoricamente se isso seria o caso e diz que outros especialistas discordam por conta da associação de Nikitin com a Ucrânia – mas mesmo assim, diz a matéria, “as autoridades alemãs não podem descartar” a tal possibilidade porque Putin queria desestabilizar a Europa. O problema é que a Der Spiegel não estabelece como deveria a relação ideológica de Kasputin com a Ucrânia e com os neonazistas ucranianos. Mencionam o artigo do The Guardian para falar de relações do governo russo com hooligans, em uma matéria preocupada com os distúrbios que ocorreram na Euro 2016 (famosas cenas dos hooligans russos atropelando os britânicos) e com a copa de 2018 que estava por vir: o artigo também não fundamenta nada, só há um especialista dizendo vagamente que o governo tinha relações. O que sabemos, aliás, é que agências repressivas russas estavam ameaçando hooligans no intuito de evitar confusões durante o torneio mundial na Rússia.

No momento ele está fazendo uma tour midiática na Ucrânia e está com uma cobertura positiva, essas acusação não está pautada, mas no passado alguns ucranianos tentaram forçar essa teoria.

O momento talvez seja de especular o contrário. Afinal, Nikitin está abertamente ao lado do governo ucraniano, realizou uma ação de operação especial dentro da Rússia e está fazendo propaganda contra o governo russo. O seu grupo também compartilhou vídeos e afirma ter realizado operações especiais com a inteligência ucraniana. A inteligência ucraniana não está junto dos serviços alemães, britânicos e norte-americanos? E quais foram os países mais desestabilizados por Nikitin? A Alemanha onde suas atividades extremistas eram monitorados, consistiam sobretudo em atividades comerciais e brigas de torcida? A Ucrânia para onde ele levou dinheiro, recursos e militantes para lutar ao lado de grupos armados da extrema-direita como o Batalhão Azov? Ou a Rússia onde ele promovia uma rede de voluntários para lutar no Azov (contra os interesses russos), onde ele realizou ações de sabotagem e terrorismo, país sobre o qual ele faz propaganda defendendo sua fragmentação?

A Der Spiegel diz que Nikitin foi preso pela justiça ucraniana por tráfico de drogas mas não existem informações de como ele foi liberado. O que levou esse homem a ser preso, liberado e aparecer na mídia ucraniana como um funcionário do exército ucraniano e líder militar de um grupo de voluntários?

Na Alemanha ele também sofreu um processo criminal em 2014 que terminou em 2017, mas não conseguem acessar os arquivos para saber o que aconteceu com ele nesse processo. Ele tem algum tipo de acordo com a justiça? Em 2014 ele já era um neonazi conhecido pelos serviços especiais e pela polícia na Alemanha.

Indo mais longe na conspiração: e se o alto funcionário de inteligência alemã consultado pela Der Spiegel estivesse não só especulando, mas espalhando desinformação? E se essa desinformação não servisse só para reforçar o clima de opinião anti-russa, mas despistar a atenção de quem seriam os patrões de Nikitin?

Nikitin certamente está colaborando com o lado que é apoiado pela Alemanha nessa guerra contra a Rússia. Já colaborou antes com as autoridades alemãs? Inclusive existe a informação de que a família de Denis em Cologne mora próxima de um prédio da contra-inteligência. Junto da informação – também apurado pela Der Spiegel – de que a família dele migrou com status especial de refugiados judeus temos um quadro para um intrigante roteiro de filme de inteligência.

É fácil lembrar da Operação Gladio olhando para a situação ucraniana: o uso extrema-direita e de neonazistas para avançar os interesses da OTAN dentro da Europa – com Nikitin a lembrança é mais forte ainda.

Deixemos isso como provocação.

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