George Simion, líder do partido populista de direita “Aliança pela União dos Romenos” (AUR, Alianța pentru Unirea Românilor), recentemente concedeu uma entrevista ao Visegrad24, onde manifestou que apoia Israel “na sua luta contra o terror”. A identificação com a causa israelense foi explicada pois, segundo Simion, a Europa e a Romênia também enfrentam problemas de terrorismo que ele relacionou com a migração de refugiados em massa.

A AUR é o segundo maior partido político na Romênia atualmente e é conhecida por abrigar elementos de extrema-direita e neolegionários, grupos que continuam o legado da Legião do Arcanjo Miguel e sua “Guarda de Ferro” formada nos anos 30 por Corneliu Zelea Codreanu. O movimento pode ser incluído em uma classificação populista de direita e suscita polêmicas por posições que às vezes parecem contraditórias: uma hora preocupada com o fortalecimento da OTAN, em outro momento eurocética.

O movimento é marcado sobretudo por sua presença em pautas culturais conservadoras e um forte conteúdo nacionalista que se manifesta na forma do discurso antihúngaro e na defesa da unificação da Romênia com a Moldávia.

O atual governo romeno é do Partido Social-Democrata, liderado pelo primeiro-ministro Marcel Ciolacu.

Visegrad24: um veículo controverso

O veículo que realizou a entrevista também é marcado por controvérsia. A Visegrad24 é uma operação de comunicação com muito sucesso na produção de materiais em língua inglesa no Twitter/X e no TikTok. A operação é bem estruturada mas pouco transparente. O canal, que se destaca como um dos principais produtores de conteúdo pró-Israel, recebe críticas pela divulgação de notícias falsas e pela manipulação de material produzido por jornalistas árabes.

Segundo Center for an Informed Public da Universidade de Washington, o Visegrad24 faz parte da nova elite do Twitter e pode ser chamado no momento de maior canal produtor de conteúdo sobre o conflito palestino.

A página surgiu produzindo informações de apoio à Ucrânia na guerra iniciada em 2022, com a narrativa de que “o ocidente não está apoiando os ucranianos”, além fakes news capazes de gerar engajamento, como a de que o ator Leo DiCaprio fez uma doação milionária para Ucrânia ou que um site pornô específico havia sido bloqueado na Rússia. A rede do Visegrad24 parece estender sua influência à promoção de interesses na política polonesa e na construção da imagem da Polônia na esfera digital.

O Visegrad Insight apontou conexões que sugerem financiamento estatal polonês por trás da página.

Fontes

https://twitter.com/visegrad24/status/1731399159108775961 Entrevista Visegrad24, 03/12/2023

https://www.cip.uw.edu/2023/10/20/new-elites-twitter-x-most-influential-accounts-hamas-israel/ The ‘new elites’ of X: Identifying the most influential accounts engaged in Hamas/Israel discourse, 20/10/2023

https://visegradinsight.eu/polish-misinformation-using-a-hungarian-recipe-the-curious-case-of-visegrad-24/ Polish Misinformation Using a Hungarian Recipe: The Curious Case of Visegrád 24, 11/01/2023

https://www.mintpressnews.com/visegrad-24-news-factory-driving-online-israel-palestine-news/286382/ VISEGRÁD 24: THE POLISH GOVERNMENT-FUNDED FAKE NEWS FACTORY DRIVING THE ONLINE ISRAEL-PALESTINE NEWS CYCLE, 30/11/2023

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