Por Michael Schuer

Um ponto chave constantemente perdido pelos analistas ocidentais é que Bin Laden e seus colegas nunca pretenderam criar uma organização terrorista; eles pretendiam criar uma organização insurgente que poderia absorver retaliações substanciais de inimigos sempre muito mais poderosos e perseverar.

É uma organização insurgente ou um grupo terrorista? Isso não é só uma questão de semântica mas sim a representação de uma diferença fundamental. Grupos terroristas são pequenos; obsessivamente secretos; miram publicidade, não vitória; constituem um incomodo letal, não uma ameaça a segurança nacional do estado-nação; e são sujeitos a derrota por decapitação ou atrito. Grupos insurgentes, por outro lado, equilibram a necessidade de discrição com a necessidade de propaganda; foca na vitória e define o que ela constitui; apresenta ameaça genuína a segurança do estado-nação; e coloca tanto esforço nos planos de sucessão que nem decapitação e nem atrito são apropriados. Bin Laden também trouxe uma nova dimensão a insurgência. Enquanto historicamente a maioria das insurgências são específicas a estados-nação, al-Qaeda é a primeira a ter substancial presença internacional.

SCHUER, Michael em “Osama Bin Laden”Oxford University Press, New York, 2011, pgs. 72-73.

A estratégia insurgente da Al Qaeda é confirmada por diversos exemplos no Cáucaso, na Ásia Central (Turquestão, Uzbesquestão), na África (Somália, Maghreb, Líbia), nas Filipinas e na Indonésia, no entanto, o exemplo mais claro e recente é o fornecido pela Síria, onde organizações filiadas a Al Qaeda tomaram parte no movimento de derrubada de Bashar Al-Assad e da consequente guerra civil.

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