O “The Economist” publicou uma matéria sobre “think tanks” chineses, intitulado “The brains of the party”.

Esses órgãos e instituições são principalmente instrumentos do Estado e do Partido Comunista que, formulando ideias e políticas, servem principalmente para situar e aconselhar as lideranças do país. Num contexto de diversos institutos, geralmente de alguma maneira diretamente vinculados ao Estado, há uma separação entre diferentes ideias e tendências. Não se limitando somente ao aspecto técnico-estatal e ao aconselhamento de lideranças, eles têm um papel ideológico primordial.  Nos últimos anos surgiram algumas centenas de novos institutos e centros de pesquisa.

A principal publicação desse tipo é a Referência Interna de Ideologia e Teoria, que é feita pela Escola Central do Partido.  A Escola Central do Partido treina a elite partidária.  Essa publicação tem um público extremamente seleto, de dúzias, que se reduz aos membros do Politburo e alguns outros elementos do alto escalão. Nota-se (soando repetitivo): não é um dossier estatal, é um documento político-teórico. A publicação surgiu nos anos ’90 e  alguns artigos que se sabe que já foram publicados no passado cobre temas como: a necessidade de se controlar as taxas de natalidade, a questão do teste nuclear norte-coreano, uma defesa de um abrandamento da rígida politica de auto-suficiência (posição firmemente defendida pelo partido) em grãos para reduzir a pressão sobre os recursos nacionais e os riscos sociais decorrentes do terremoto de Sichuan em 2008.

A Escola Central do Partido tem outra publicação desse caráter, só que mais popular e aberta – Study Times .

O texto também cita outras “think tanks” influentes no sistema. O órgão do Conselho de Estado, o Centro de Pesquisas de Desenvolvimento, se concentra em relatórios relativos às funções mais puramente estatais, influenciando a adoção de determinadas políticas (teria tido um papel nas transformações da saúde pública na última década). O Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas é responsável por informar as lideranças no quesito relações exteriores, produzindo análises, resumos diários e orientações de viagem.

A Academia Chinesa de Ciências Sociais é um centro de pesquisa governamental enorme, com milhares de empregados e que produz centenas de relatórios sobre os mais diversos assuntos como economia, política social e política internacional (ou sobre as greves, como fez em 2012). No entanto, a matéria parte da premissa que esta, assim como outras instituições que se engajam mais com o público, possui menos influência nas lideranças apesar de seu tamanho.

O The Economist também declara suas esperanças ao falar do nascimento de thinks tanks “independentes” financiados por empresários. Fala do papel que esses podem desempenhar e sugerem uma possível influência (no caso do Instituto Boyuan, que é um think tank de Hong Kong de tendência mais próxima da democracia liberal ocidental; foi criado e é financiado por Qin Xiao, que seria um exemplo desses empresários que decidiu investir na área). Também faz referência a “luta pela sobrevivência” do Instituto Unirule, que é dedicado a reforma de mercado e mantém relações com outros think tanks como Center for International Private Enterprise.

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